quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Que evolução !!!!!!!!!!!

A EVOLUÇÃO DO ENSINO DA MATEMÁTICA NO BRASIL

A Evolução

Semana passada comprei um produto que custou R$ 1,58. Dei à balconista R$ 2,00 e peguei na minha bolsa 8 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha que me dar 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender. Por que estou contando isso? Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino de matemática em 1950: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda . Qual é o lucro?

2. Ensino da matemática em 1970: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro: ( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00

5. Ensino de matemática em 2000: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. O lucro é de R$ 20,00. Está certo?

6. Ensino de matemática em 2007: Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100,00. O custo deprodução é R$ 80,00. Se você consegue ler coloque um X no R$ 20,00.

Você concorda ?

Carreira de professor atrai menos preparados

Apenas 5% dos melhores alunos formados no ensino médio querem atuar como docentes do ensino básico, diz estudo. Baixo retorno financeiro e desprestígio social da carreira docente são citados entre os principais fatores para perfil identificado no levantamento

FÁBIO TAKAHASHIDA

REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário dos países com sucesso educacional, o Brasil atrai para o magistério os profissionais que possuem mais dificuldades acadêmicas e sociais, aponta um estudo inédito a ser apresentado hoje, que utilizou bancos de dados oficiais.Uma das constatações do levantamento, encomendado pela Fundação Lemann e pelo Instituto Futuro Brasil, é que apenas 5% dos melhores alunos que se formam no ensino médio desejam trabalhar como docentes da educação básica, que abrange os antigos primário, ginásio e colegial.Os pesquisadores delimitaram o patamar de estudantes "top" naqueles que ficaram entre os 20% mais bem colocados no Enem 2005 (Exame Nacional do Ensino Médio, do governo federal).Dentro do grupo dos melhores, 31% querem a área da saúde e 18%, engenharia.Com base nos questionários do Enade (o antigo provão), o estudo identificou que os alunos de pedagogia (curso que forma professores para os primeiros anos do ensino fundamental) vêm de famílias de baixa renda e têm mães com pouca escolarização -condições que apontam maiores chances de dificuldades acadêmicas."Para melhorar a qualidade de ensino, o Brasil precisa criar uma nova estrutura para atrair um outro perfil de pessoas para a educação", afirma a coordenadora do trabalho, Paula Louzano, doutora em educação pela Universidade Harvard (dos Estados Unidos).O estudo, ao qual a Folha teve acesso, será apresentado hoje em São Paulo, em seminário fechado promovido pela Fundação Lemann e pelo Instituto Futuro Brasil.

Coréia e Finlândia
A pesquisa compara a situação brasileira à dos melhores sistemas de educação do mundo, estudados pela consultoria McKinsey, em um trabalho do ano passado.Segundo a pesquisa, o primeiro dos três pontos que se destacam nas redes de ponta é "escolher as melhores pessoas para se tornarem professores".Um exemplo estudado foi a Coréia do Sul, primeira colocada no ranking de leitura no Pisa 2006 (exame internacional). Lá, os que vão trabalhar no magistério, obrigatoriamente, devem estar entre os 5% melhores em um exame nacional para o ingresso no ensino superior.Na Finlândia, segunda no mesmo ranking, os professores são selecionados entre os 10% melhores alunos.

Status
Os dois países buscaram medidas que elevassem o status dos professores -realidade diferente da brasileira. "Nunca vi um aluno daqui dizer que quer cursar pedagogia", afirma Andrea Godinho de Carvalho Lauro, professora do colégio Vértice, o melhor de São Paulo no Enem. "Os pais querem carreiras com mais retorno financeiro e social", diz.O baixo retorno financeiro no magistério, citado por Andrea, causa divergência entre educadores (leia mais na pág. C3). O reduzido status social, porém, é consensual."Como a profissão é desprestigiada, a maioria daqueles que escolhem trabalhar como professor o faz porque o curso superior na área é mais fácil de entrar, barato e rápido", afirma o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Roberto Leão."O pobre, que estuda no caos que é hoje a escola pública, vê na pedagogia uma das poucas opções possíveis de chegar ao ensino superior. Muitos não escolhem a carreira por vocação, mas, sim, porque é onde dá para entrar. É preciso tornar a carreira mais atrativa, para o pobre e para o rico", argumenta o dirigente da categoria."Os estudantes que chegam têm muitas dificuldades em conhecimentos básicos", diz Paulo de Assunção, pró-reitor acadêmico da Unifai (Centro Universitário Assunção), instituição de São Paulo com o maior número de matrículas em pedagogia. Para atenuar o problema, a escola tem aulas de reforço em língua portuguesa, matemática, entre outras.

Estudante sente baixo prestígio do magistério

DA REPORTAGEM LOCAL

O baixo prestígio do magistério na sociedade é sentido pelos educadores antes mesmo de começar o curso de pedagogia.Hoje no quarto semestre do curso da Universidade de Guarulhos, Jessyka Rocha Rodrigues, 26, afirma que seus amigos se surpreenderam quando ela contou a escolha pela carreira. Principalmente porque já era formada em direito."Diziam que eu era louca, que deveria seguir no direito para ganhar mais", afirma Jessyka."Eles apontavam, primeiro, a questão dos salários, depois, o fato de ter de agüentar um monte de criança. Mas trabalhar com educação era o que eu sempre quis e não me arrependo", diz a estudante.

Sobreviventes
Por situação parecida passou a aluna do quinto semestre de pedagogia da Unifai (Centro Universitário Assunção) Janaina Oliveira Leal, 23."Quando você diz que quer ser professora, até a família pergunta se não tinha outra profissão. Muitos desistem por causa disso. Ficam só os sobreviventes. Mas gosto do desafio de educar as crianças."Uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas, que acompanha 2.700 estudantes de cursos de formação de professores do país, dá uma mostra do atual status social do magistério: 73% dos participantes afirmam que seus amigos entendem que a carreira não vale a pena.

Contrariedade
Professor da rede municipal de São Paulo, Silem Santos Silva, 45, discorda dos dados que indicam uma falta de profissionais com boa qualificação na rede pública. "O que falta é um projeto de curto, médio e longo prazo para organizar a rede", afirma o professor.O perfil socioeconômico de Silem se encaixa no padrão estatístico daqueles que buscam a carreira docente.Quando jovem, morava em M'Boi Mirim (periferia da capital paulista) e sempre estudou em escolas públicas.A diferença é o seu desempenho acadêmico, sempre entre as melhores notas.Essa performance o ajudou a chegar à USP (Universidade de São Paulo), onde fez a graduação e depois o curso de mestrado. Nunca pôde, porém, parar de trabalhar."No começo, meu pai queria me convencer a fazer um curso de ferramentaria. Os meus amigos perguntavam por que eu não fazia psicologia, que eles consideram mais nobre. Mas convenci a todos que o que queria mesmo era estar na sala de aula." (FT)

Salário de professor divide especialistas

Para alguns, reajuste deveria ser igual para toda a classe; outros defendem que haja diferenciação a partir do desempenhoDiferença entre ganhos de professores e trabalhadores privados vem diminuindo, de 61,9% a menos em 1995, para 16,8% a menos em 2006

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos pontos mais polêmicos na discussão de como melhorar a atratividade da carreira docente é a questão salarial. Há pesquisadores que entendem que o aumento geral para a categoria é primordial; outros acham a medida incorreta.O estudo encomendado pela Fundação Lemann e pelo Instituto Futuro Brasil destaca que, na média, os professores públicos ganham menos do que os trabalhadores do setor privado em geral (considerando os que possuem formação superior).A diferença, porém, vem caindo rapidamente: os docentes ganhavam 61,9% a menos que a média da população no setor privado em 1995, percentual que diminuiu para 16,8% em 2006, segundo dados da Pnad, pesquisa do IBGE."O salário ainda tem influência, mas não parece ser mais o fator primordial para a baixa atratividade para a carreira docente", afirma Paula Louzano, coordenadora do estudo."Faltam estudos sobre o assunto. Mas a minha impressão é que as condições de trabalho, o dia-a-dia na sala de aula, têm um peso grande", afirma.Para o professor emérito da Unicamp Dermeval Saviani, um forte aumento salarial é essencial para mudar a imagem da carreira e atrair uma população mais bem preparada."Se o professor ganha na média brasileira, ele ganha mal, principalmente porque é uma profissão que exige muito. Além disso, a carreira está tão desvalorizada que ela precisa de um choque", diz Saviani.Opinião divergente tem o pesquisador da FGV-RJ Samuel Pessoa. Para ele, o problema é que a estrutura do setor público não diferencia os bons profissionais dos demais."É preciso criar mecanismos que permitam a diferenciação a partir de medidas objetivas de desempenho. Os mais talentosos ganham mais. Isso muda o perfil do corpo docente", diz.Elevar os salários de toda a classe até que todos ficassem com salários superiores à média, além de injusto com os professores mais dedicados, traria gastos praticamente insuportáveis para o Estado, diz Pessoa.Para a docente da PUC-SP Clarilza Prado, que coordena um estudo da Fundação Carlos Chagas sobre estudantes de cursos de formação de professores, "ao lado da discussão sobre salário e carreira docente, é preciso trabalhar fatores subjetivos, como a impressão que a sociedade tem do professor".O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Roberto Leão, afirma ser necessário, "além de aumento salarial, melhores condições de trabalho, como diminuição da jornada de trabalho e redução de alunos por sala. Tudo isso melhoraria a imagem da carreira".

HISTÓRIA:
PROFISSÃO PERDEU STATUS NO SÉCULO 20

No início do período da República, os professores adquiriram um status social elevado na sociedade, conta o professor emérito da Unicamp Dermeval Saviani."Principalmente nas cidades menores, até a década de 60, eles eram encarados como representantes do Estado. Tinham o respeito de todos." A mudança ocorreu no decorrer do século 20, quando houve a massificação do ensino -até então, era atendida apenas uma parcela da população.Segundo Saviani, entre 1933 e 1998, o número de alunos aumentou 20 vezes, enquanto a população cresceu quatro vezes."A opção dos governos foi atender mais gente com praticamente os mesmos recursos. Por isso, os salários foram reduzidos, e o prestígio dos professores diminuiu muito. O docente virou um simples funcionário público", afirma Saviani.

Área vai melhorar e ficar mais atrativa, diz MEC

DA REPORTAGEM LOCAL

A melhoria da educação pública é o fator principal para que outros perfis da população sejam atraídos para a carreira docente, afirma a secretária da Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar.Segundo ela, a melhoria está em curso e será confirmada nesta semana, quando deverão ser divulgados novos indicadores de qualidade do ensino."Ainda não vi os números, mas, pelas conversas, sinto que avançamos, principalmente na alfabetização", afirmou a representante do governo Lula."A melhoria na escola pública vai criar um clima de entusiasmo, que seduzirá os jovens para a carreira", afirma.A secretária, porém, diz que há outros pontos importantes, como a criação do piso salarial para a educação. A proposta do governo, que tramita no Congresso, fixa o valor em R$ 950, para uma jornada de até 40 horas semanais (que terá impacto principalmente em regiões pobres do Norte e do Nordeste).O MEC afirma que irá também atuar na formação dos professores, principalmente por meio das universidades federais, e no início da carreira dos docentes. Uma das propostas analisadas é um acompanhamento dos educadores recém-contratados, no período probatório (de três anos).A idéia é contratar tutores para acompanhar os professores novatos. O ministério pretende começar o projeto no ano que vem. (FT)

São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2008
Folha de São Paulo